quinta-feira, 4 de maio de 2017

Facebook e propaganda de margarina

Marion Strecker publicou um artigo na Folha em 14 outubro /2013 que somente agora tenho tempo de comentar.

Falando sobre o Facebook, perfis falsos, campanhas para mostrar fotos da infância, mudar de nome, cutucar os outros que estão quietos, etc, etc, Marion também diz das caras sorridentes e felizes que todos costumam postar, como se a vida fosse uma propaganda de margarina, sabe né, aquelas com gente de roupas claras ou brancas felizes à mesa do café da manhã...

De fato, citando uma pesquisa americana, a colunista diz que as fotos postadas são escolhidas a dedo e imagens que aumentem a fama ou a vaidade do figura são repetidas e repetidas.

Uma orientanda minha fez uma bela pesquisa sobre o poder da beleza numa escola pública, nas aulas de educação física. Um dos instrumentos de coleta de dados eram selfs das alunas e elas tinham que selecionar a mais feia e justificar a escolha. Daí,sim, apareceram os critérios estéticos de beleza.

Uma amiga minha mantém a mesma foto dela no e-mail  desde que a conheci, nos tempos do filhos no colo. Hoje já estão casados.
Não me lembro agora qual o foi o fotógrafo ou cineasta que disse que as imagens - e daí eu adapto para imagens dos perfis nas redes sociais - são como imagens do sarcófago. Vocês sabem, os sarcófagos egípcios são lindos, cobertos de ouro e enfeites, mas as múmias que eles guardam dentro de si são isso mesmo, pessoas mumificadas.




Nas bancas de defesa de que participo, terminamos sempre com professores, orientandos e familiares em poses sorridentes.

A pesquisadora Luciana Borre Nunes - UFRGS - publicou um livro muito interessante intitulado As imagens que invadem as salas de aula - reflexões sobre a cultura visual. Editora Ideias e Letras, 2010, onde comenta sobre essa cultura visual que permeia ambientes escolares.

Ela tem um site com muito material disponível sobre Cultura Visual.

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