segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Cisternas eternas

Outro dia, uma aluna do agreste alagoano contou-se sobre o que parece uma história de Torvelinho dia e noite. Foram descarregando areia, brita, ferro, cimento e cal, tudo para fazer uma cisterna em sua casa. O mesmo foi feito nos quintais de outras casas do quilombo.
A empresa nunca mais voltou para fazer a cisterna; fugiu com o dinheiro pago pelo governo.
O material estragou-se: o cimento endureceu, a cal perdeu-se, a areia ficou suja e imprestável e ficaram sem cisterna.
Moral da história: tivessem os governantes procurado saber quem, da comunidade, sabia instalar cisternas, talvez aparecessem pessoas conhecedoras de cada etapa e não haveria necessidade de pagar, nem de esperar que uma empresa fizesse. Fosse uma proposta menos assistencialista e mais colaborativa, a obra teria saído e todos teriam aprendido que a comunidade tem força.
Não foi assim. Todos aprenderam a esperar dos governantes e a continuar sem água para beber, irrigar, cozinhar, viver.

Exemplo de cisterna, para fins ilustrativos.
Na educação, poderíamos trabalhar com projetos, perguntando à comunidade, e por extensão, aos alunos, o que querem aprender, o que precisam saber, como a escola pode ajudá-los em seus projetos de vida (comunitária, inclusive). E cada um contribuiria com o que sabe a partir de suas experiências. Todos aprenderiam com todos. A comunidade, não apenas a escola, avaliaria.
A comunidade como currículo, coisas que Etienne  Wengler fala: comunidades de prática.
De fato, não precisamos fazer clientela ou clientelismo, sermos facilitadores, nem preparar para provas.
A escola faz parte da comunidade onde se insere.
deve preparar para a construção de projetos colaborativos.
Como diz a filosofia punk: para mim nada, para nós tudo.

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